quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Sensações...

Se perguntou por que estava tão infeliz.
Havia conseguido o emprego que desejava a muito tempo. Finalmente terminara uma importante etapa de sua vida acadêmica.  Estava namorando. Deveria estar tudo harmonioso, não?
Contudo, não estava feliz. Apesar de amigos maravilhosos, família que lhe dava apoio, mesmo quando discordava .... Algo, simplesmente, não se encaixava.
Sabia que merecia MAIS do que havia conseguido até agora. Sabia que devia  esperar MAIS das pessoas. Mas algo a impedia. Algo lhe soprava aos ouvidos que era o bastante, que devia se conformar, que tudo bem...
Apesar de querer lutar contra, não conseguia. Apesar de almejar mudar... Não conseguia se livrar dos grilhões que a prendiam onde estava. Não importando o quanto desejasse, o quanto planejasse... No instante em que deveria ser incisiva, a coragem, a força e a certeza lhe faltavam...
Medo?.. Talvez. Não sabia muito bem como lidar com o medo. Não sabia o que fazer com o sentimento que a invadia: tão intruso, tão marginal, Tão real. .. Talvez não fosse só medo, talvez fosse o não saber lidar com o fato de perder, desligar-se, romper..., com o ter que acostumar-se, novamente, ao jogo de sentimentos mistos, indecisos, vacilantes, dissimulados, acostumar-se, novamente, ao: estar só...
Mas, não etaria ela só, ainda?!.. Afinal, este era o sentimento que a assolava. SOLIDÃO. Tão rodeada por pessoas, tão só. Rótulos, afinal, não lhe serviam de nada. Sentia-se vazia como antes. Como sempre.
Perguntava-se se a segurança pela qual almejava seria só um conto-de-fadas no mundo de faz-de-conta em que vivíamos. Perguntava-se onde havia ido parar o companheirismo, o importar-se com o outro o querer dividir... Haviam, por motivos escusos, sido banidos para o árido deserto do esquecimento? Seriam, todos, egoístas? ...
Seria ela a ultima das criaturas que ainda acreditava em coisas melhores, em pessoas mais humanas, em relacionamentos mais completos ...?

Cansada. Uma vez mais. Triste. Uma vez mais. Esperançosa? Talvez...
Virou-se. Calou-se. Tentou dormir.

domingo, 30 de maio de 2010

Crisis ....

You know when you reach your limit? When you have no strength to carry on with things that upset / bother/ hurt you? Well, think there is a great probability to be reaching it soon…
Maybe this is a stage people may call crisis, however it may need some classification.
 Calling it  Age crisis  would be suitable once, undoubtedly, reaching the adult life  with all its responsibilities and burdens  is not an easy thing to manage. Calling it Graduation Crisis would suit it as well, ‘cause the last year of college brings the enquires: What am I going to do for now on? Keep studying? Travel? Work? Work with what?...and the like….
There may be also what is called Personal crisis. You know, when there is the impression that your personal life is a mean joke (e.g. Catastrophe).  A Religious Crisis could be suitable too, when you sort of loose your faith somewhere along the way, and you need to find and get it back, ‘cause the absence of it makes you unbalanced.
A Family Crisis is when there is the need to deal with your parents “empty nest syndrome”, as well as, all their expectations, pressures, and so on, in an almost daily basis, while trying to cut off the ‘umbilical’ connection and spread your wings.
Meanwhile, the Creative Crisis hunts you, since, apparently, all that is written seems to be a bunch of non-sense meaningless things… Altogether, the Friends Crisis , as the awful mood that seems to be installed and settled inside your being, keeps pushing away from you all the ones you care about and who cares about you.
Yeah! I can hear someone saying: “What a melodramatic person!”… But, know what? Simply don’t care!
When it seems you are not in one of those kinds of crisis, but ALL of them at the same time, things are hard to see clearly. And, more than that, It is necessary to pass through it, to suffer, to learn from it, even when it is over and you stop and think: Maybe I overreacted!”
There is no magical solution. The only thing to be done is to exorcise the fears that hunts you in the way YOURSELF judges to be the best one. Let me deal with my OWN dilemmas, ‘cause I bet you have some of your own to deal with too.

sábado, 29 de maio de 2010

E o amanhã?!

O quanto vale o sacrifício? Seria isto perene e ínfimo? Deveríamos considerar somente os frutos vindouros do depois e desapercebermos o agora?
Em um jogo anestésico de mascaras, em um gira-mundo de sensações que não sentimos, momentos que nos escapam aos dedos, aos olhos e ouvido.... E depois?! Depois como identificá-los? Classificá-los?!
Este momento não seria o agora de um tempo que está por vir? Como saber que, quando este depois de chegar, não será considerado agora e, por mais uma vez, deixado postergar-se, deixar de se sentir, deixar de se viver...?
Por que prender-se urgência da cobrança, na cegueira do amanhã? Com isto não perdermos momentos preciosos? Doces e simples momentos do agora? Momentos e  experiências que não voltam?
Clichê?! Filosofia de boteco? Utopia?... Chamem-no do que quiser... a verdade?! A verdade é que ninguém escapa. Ao menos uma vez na vida este será o questionamento que lhe virá bater à porta.
Cabe apenas saber precisar o que fará a respeito. Qual será sua atitude? Deixar-se esconder por de trás da máscara de aparências fúteis de uma vida mecanicista e superficial? Ou, encarar o fato de que não sabe quem é, ou  o que faz e os por quês? Saberá escolher entre o esconder-se ou, com a cara a tapa, buscar o mundo cheio de possibilidades que se apresenta, terrivelmente grandioso, diante de você?!....

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Lembranças

Há dias em que se acorda com certo quê de melancolia. Um vazio inexplicável no peito.  Foi assim que Ariela sentiu-se naquela manhã.
“um não-sei-o-quê .... uma saudade....” – considerava Ariela.
Como um raio inesperado em uma chuva de verão, Ariela lembrou-se. Lembrou-se de uma pessoa que partira há muito tempo. Partira de forma rápida, contudo, não de forma inesperada.
Sentiu uma dor pungente, embora diferente da que sentira na época em que se dera o fato. Pungia de forma distinta, todavia, dolorosa.
Na época doía – lhe aceitar a perda. Rejeitava a idéia de perde-lhe, de nunca mais ter-lhe por perto, como seu porto sempre seguro em meio a suas tempestades. Nunca mais seu terno olhar, nunca mais seu bondoso sorriso, nunca mais seus sábios conselhos... Era difícil dizer adeus... Mesmo passado tanto tempo.
“É difícil crescer e aprender a se despedir...” – meditou Ariela.
Hoje, súbita, a dor, antes adormecida, se fazia notar. Ah, a dor da saudade...
“Faz tanto tempo... mas ainda dói como se fosse hoje... pensei que havia superado... esquecido...” – cogitava Ariela. 
Naquele instante, Ariela entnedeu, ou começou a compreender. Embora tempo corrido, dor aparentemente aplacada, a saudade apenas encontrava-se adormecida, assim como as lembranças. Nunca nos esquecemos de fato das coisas, apenas as colocamos em estado de letargo. E como na Flora, em que cada estação renova-se de tempos em tempos, nossas lembranças vêem nos visitar em momentos inesperados. Vem mansinha pela manhã a apossar-se do peito. Não é amarga, nem doce... É, apenas é.
É lembrança de momentos vividos. É saudosismo pelo que se foi e não volta.  É, talvez, lição de amadurecimento... É um constante aprender a despedir-se.

Absorta

Flashs momentâneos invadem seqüencialmente a mente de Ariela, que se entregava a onda constante de idéias cadenciadas: “Ver; enxergar, distinguir... encontrar-se, notar, imaginar... prever, ler... quantos significados relacionados... quantas possibilidades...”
Sozinha em seu quarto, ou em seu esconderijo do mundo, os olhos de Ariela estavam fixos nos vitrais de sua janela, contudo, seu olhar era distante.  Longe! Bem longe, além do horizonte, sua mente em um frenesi de indagações.
Sem perceber, foram-se horas desta forma, nesta busca silenciosa por respostas. Anoiteceu. Apenas a luz grácil da lua minguante penetrava por entre as frestas de sua janela, já obscurecida pela noite.
A mente de Ariela distinguia-se da placidez de sua face, funcionando a um milhão por segundo, em pensamentos encadeados, inquisições, divagações, distintos entre si, contudo, convergindo para o mesmo ponto...
“ Desvendar.... ler os enigmas... enigmas do ser... a esfinge da vida....” – balbuciou, Ariela, por fim .
“Ariela! ... Vem minha filha, ou vai se atrasar...”   - a  voz distante de sua mãe tirou-a de sua sedutora absorção reflexiva.
“ A voz árida da realidade construída.... tantos compromissos, tantas obrigações..tanta anestesia... nenhuma sensação real ....”  - ponderou, Ariela,  enquanto descia as escadas em direção a porta. 

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

sonhos....



Cores fortes, vivas, intensas. Um sentimento de curiosidade, inquietude desassossegada. Alto, alto, muito alto... perto do céu, a liberdade!
Ariela sonhará. Sonhará que tocara o céu e via de perto suas matizes  rosáceas, azuis, purpúreas..... A elétrica corrente que percorria seu corpo, tornou-se aos poucos uma calmaria aconchegante onde, finalmente, se sentira livre... por alguns instantes, quão breves instantes, esteve livre...
Livre para sonhar. Livre para buscar as respostas de suas inquietações. Livre para respirar...
Acordou.
Quão doloroso não foi perceber que era apenas um sonho...  O vazio intrigante e enorme... Por segundos desejou voltar. Volta a seu mítico mundo dos sonhos. Voltar a sensação de vida, liberdade, ...
“Escrever. Preciso escrever!... Meu remédio, meu vício, .....essência de minhas verdades...máscara de minhas falácias........” – Pensou Ariela ao levantar-se!
A luz fraca não lhe fazia diferença. A caneta corria veloz por entre as linhas. Como em transe, escrevia, mas sem saber o que.  Era um daqueles momentos  de rara e sutil inspiração. Como se palavras fossem, na verdade, sentimentos libertos de seu coração, pensamentos que lhe povoavam a mente... Como por intermédio de sua fada-madrinha, selou-se sua fluidez e pode sentir, novamente, a sensação de liberdade.
Concomitantemente, a chuva começou mansa a cair por de trás dos vidros de sua  janela. Apagou a luz e deitou-se. Respirou fundo.
“As palavras e os sonhos. Expressão de liberdade...” – Aos poucos o som manso das gotas suaves de chuva embalou o sono de Ariela. Por algum tempo retornaria a seu mundo mítico.... Estaria livre..... 

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Máscaras

“Ah! Segunda... Vai começar tudo novamente!” – Pensou Ariela ao acordar. Sentia tanto sono, estava tão cansada... Cansada como nunca havia estado antes.
Levantou-se, tomou seu banho, vestiu-se e saiu. Pegou os mesmos ônibus, com as mesmas pessoas dos últimos três anos. Cumpriu sua rotina. Desempenhou seu papel. Retornou a seu esconderijo. Retirou sua máscara. Despiu-se de sua caracterização e, pela primeira vez em seu dia, respirou.
Após um banho morno, sentou-se em sua poltrona favorita e, aninhada como estava, abriu seu livro favorito. Favorito naquele momento, pois como tudo no mundo, Ariela era, também, um ser mutável. Constantes mutações operavam-se nela. Eram muito mais complexas do que apenas culpa dos “hormônios da idade”.
Seu livro do momento, ou melhor, seu autor do momento era Machado de Assis. Sentia uma ambivalência de sentimentos, ora rejeitava, ora aceitava. Sentia-se ferida quando se deparava com certas palavras, contudo, mais impelida a continuar, estava mais dolorosamente fascinada.
Seu fascínio era pelo perfil humano. Talvez encontrasse algumas respostas, ou pistas que fossem... Algo para aplacar seus questionamentos, afinal - “Um autor que com tanta destreza e fina ironia expões os mecanismos mais internos do ser humano, deve me ajudar a ver com mais clareza” – pensava Ariela.
Mais Clareza! ... Era tudo que precisava e o que não conseguia. Sentia-se cada vez mais imersa nas sombras mudas do labirinto de seu próprio EU. Tudo acontecia tão rápido, um turbilhão que ela era incapaz de assimilar. Sentia-se presa dentro de seu labirinto, oscilando entre esconder-se de seu Minotauro e buscar seu Telêmaco. Mas, essa era apenas uma parte de sua inquietação. Da outra parte, Ariela se apercebia aos poucos. A cada dia de vida passada, a cada minuto mais velha, ela percebia com fina intuição que em algum momento de seu passado recente havia sido tragada pelo “vortex” da vida contemporânea.
Tornava-se, imperceptivelmente, co-adjuvante de sua própria comédia pessoal, ou seria de sua própria tragédia pessoal? ... Não saberia responder, talvez fosse apenas mais uma atriz no espetáculo tragicômico da vida.
Não conseguia precisar nenhuma tese. Não encontrava respostas, ou pistas que fossem. Estava cansada... Cansada como nunca havia estado antes. Talvez encenar seu papel, fosse mais exaustivo do que supunha. Talvez conhecer-se não fosse a tarefa mais simples.
Cessou o pensar. Foi deitar-se. Talvez as respostas lhe aparecessem em sonhos, como uma inspiração de sua musa-madrinha, que a muito tempo não a visitava.